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30 novembro 2009

Sonhos de Morfeus


A minha alma está sentada no recôndito escondido da floresta no meio de uma trilha, cujo caminho é só meu.

A lua está semi adormecida e as estrelas aproveitaram a oportunidade para brilhar como se vestidas pra bailar.

Não muito longe o ruído de águas em farfalhar de folhas canta a cantiga mais bonita de se ouvir e se lembrar.

Há um clarão que torna as luzes em multicores pra acompanhar o tom das pétalas das várias flores.

A relva se traduz em aconchegante leito em meio ao cenário eterno pelo que as árvores velam e se desvelam.

Há em paralelo um tronco tosco e belo tão antigo como o raio que o seccionou e assim o transformou.

Vestida de tons esmaecidos pela distancia da lua, danço ao som da orquestra natural em imensa ânsia.

Há fadas, duendes e petizes a contarem historias repletas de mágica ternura e finais felizes.

Entre criança e mulher vôo nas asas de uma borboleta dourada que me leva a passear até a sua estrada.

Paralelas de mim, na noite ainda sem fim, em sonhos de Morfeus, acalentada pelo amor, essa com você sou eu.

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Postado e criado em 30/11/2009, por
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
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26 novembro 2009

Conversando com minha irmã - Aprendizado e transformação - Da metamorfose dos corpos, almas, tempos e eventos, dores, tragédias e aflicões

Hoje recebi de pessoa das mais queridas, gigante em companheirismo, dedicação e paciência, que, nesta vida, na mesma família, é minha irmã, uma observação bem condizente, sobre o texto “O estigma da cadeira de rodas”, assim, ponderando: - “O seu texto está muito bem escrito, mas da forma como você relata tudo parece simples demais, parece que nada doeu, que não entristeceu ou que ninguém sofreu”, e depois de repassar as folhas já vividas do meu livro de vida e do nosso livro comum, reafirmo, assim conversando com você:

Se a dor da perda da capacidade de andar por meus próprios pés fosse assim sentida, em sua plenitude, ou mesmo em sua até agora irreversível condição, se não houvesse sido compensada pelo próprio retorno à vida, ao amor dos meus queridos companheiros de jornada, da forma como tanto pedi, eu teria enlouquecido e você sabe disso, porque me ajudou a não fraquejar. Lá atrás, no entanto, essa dor ficou.

Se a dor da perda da minha escala de valores, cuidadosamente pontilhada, repleta de sonhos, metas e anseios, não houvesse sido modificada de acordo com a situação, eu sucumbiria por tamanha desilusão..e você sabe disso, porque me ajudou a reformar. Lá para trás, no entanto, trágica como foi, naquele tempo ficou.

Não carrego peso, nem rancores, nem decepções, nem perdas, nem dores, nem más recordações, nem ódio ou frustrações, menos ainda trabalho com culpas de quem possa ser e não dou realce à solidão, apenas relato fatos, que se tornaram base para o meu rodar e buscar e descobrir e redobrar e amar e sonhar e lutar e transformar e arengar e continuar e, sobretudo, aprender, com a mesma força de alegria e entusiasmo que sempre você vivenciou em mim. Como você dizia eu sempre buscava a situação ideal, o amor ideal, a vida ideal. Você se lembra? A minha riqueza esteve e permanece nessa forma de trilhar, sonhar e, ousada como sou, realizar teimosa ou, determinadamente, tudo o que preciso ou quero.

Tivemos excelentes exemplos para esse mesmo comportamento tanto no papai, como na mamãe, em suas histórias de vida. A força da mamãe sempre presente junto a nós, aos seus e aos meus filhos, foi fundamental. À parte ainda, freqüentei por anos as páginas dos livros espíritas, além da famosa e querida Pollyana.

Lancei os terríveis momentos causados pela tragédia, Célia, para reciclagem, e de maneira producente, estudada, refletida, verificada e confirmada eles retornaram em respostas que me fortaleceram a coluna motriz do caminhar, e nunca caminhei tanto, na seara do aprendizado evolutivo, de maneira tal que todo o horror se dissipou, perdendo totalmente a força destrutiva, e lá onde aconteceu ficou, por isso não tem o condão de ser mais importante que o dia de hoje em que me sinto bem, em pleno movimento de corpo, mente e alma.

Carrego comigo, na simbólica bagagem desta vida, apenas o positivo, o bom, os momentos de alegria, as lembranças felizes, as qualidades das pessoas e as minhas, que são a soma de tudo que diariamente é reciclado e aprendido, e você sabe disso, porque em momento algum, por certo, alguém me ouviu lastimar.

O tempo é, realmente, como dizem, o melhor remédio porque é nele que plasmamos as soluções e encontramos as explicações que surgem, nos dias futuros, quando vemos que fizemos dos fatos passados um grande alinhavo sempre presente.

Apesar deste meu gênio indômito, minha querida irmã, o sonho, o ideal, a busca, a coragem, a força, a garra, a torcida e a vontade, foi, em nós todos, o time que sempre ganhou...prosseguindo...na necessária metamorfose diária.

Obrigada e um beijo.

Criado em 25/11/2009, por

Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

23 novembro 2009

O estigma da cadeira de rodas



É desta vez uma história real..., em que muitos me perguntam o que penso, como cadeirante, sobre a novela “Viver a vida” e, já pelo título, imagino que viver a vida seja pleno, independentemente do que se possa ter por deficiências morais, materiais, comportamentais, espirituais e físicas, além de outras que a nomenclatura alcance ou não as declare.

Gostaria muito de ver derrubado o estigma da cadeira de rodas para que fosse minimizado tanto quanto um par de óculos, pois ambos em suas finalidades são aparelhamentos que suprem a deficiência, para o que existem.

Ora, sem óculos eu não consigo enxergar tanto quanto sem a cadeira de rodas eu não consigo andar.

Estava, em 1980, com trinta anos de idade, no auge de minha vida profissional, emocional e acadêmica. Tinha uma filha linda e saudável, com dez meses de idade, e um marido apaixonante e apaixonado. A vida era arco íris pleno sem o ocultar do sol, quando sofri acidente automobilístico, num táxi, que quase me levou a “viver a morte”, pois houve secção medular completa, quebra da coluna e de vértebras, perfuramento de pleura e pulmões, com conseqüente hemorragia interna.

Em coma absoluto passeei pelo etéreo, sim, com plena certeza e convicção, atrás de uma autorização para permanecer em terra e me lembro muito bem que o meu vínculo maior era com minha filha e a minha ligação maior era com Deus e o meu maior lastro era o pedido, com fé, em que o argumento único era “Pai se me permitiste ter uma filha, permita-me completar a missão e criá-la, pois tudo o que se começa se termina”. O amor e a fé prevaleceram e eis me aqui até hoje, com uma cadeira de rodas que também é de rosas, tal o perfume de liberdade que exala todos os minutos da minha vida me permitindo andar.

A minha alegria por estar viva, quando voltei a mim, era do tamanho do agradecimento que eu fazia a Deus, por assim me permitir regressar.

Nada, absolutamente nada, deixou de ser, por nós e por mim vivido, durante esses trinta anos. Ao sair do hospital o médico me alertou de que as inervações uterinas não haviam se afetado e que eu poderia engravidar novamente.

Chequei em casa e ali estavam todas as pessoas queridas de minha vida, mãe, pai, irmã, cunhado, filha, marido, sogra, amigos, parentes e nossa funcionária, uma das importantes sustentações da casa, que cuidava de minha filha, enquanto eu trabalhava fora.

Todos, aflitos, queriam saber como ajudar. Olhei ao redor, ainda em fase de adaptação à cadeira, pois o corpo não a reconhece de pronto, e respondi. Não sei ainda como poderão me ajudar. Acredito que cada um, hoje, deva voltar para a sua casa. Eu preciso saber o que é paraplegia, no meu dia a dia, para depois poder saber o que vou precisar.

Meu primeiro ato reflexo foi o de rever minha escala de valores e alterar os itens na sua ordem de prioridades e assim fui seguindo, primeiro contratamos alguém pra me ajudar a tomar banho e me vestir, pois saí do hospital após 45 dias de nova vida, depois um motorista, que permaneceu exatos três dias, e por fim uma secretária que passou a me ajudar com o que eu precisava adaptar e aprender para poder tomar meu banho e me vestir. Essa mesma secretária se transformou em preciosa e querida amiga, passando à única pessoa que me auxiliava e também dirigia nosso carro, para que pudesse prosseguir em minhas atividades e cuidar das atividades de minha filha.

Quando ela precisou sair do emprego, um ano após o acidente, readaptei minha carta de motorista, comprei meu próprio veículo, escondida de meu marido, e quando ele se deu por si já estava indo buscar, comigo, a “Caravan” adaptada e, de posse da carteira de motorista, fui dirigindo para Bertioga, local comum de nossas férias por muitos anos.

Assim cheguei à conclusão, nesta vida, que o estigma da cadeira de rodas vem pelo desconhecimento que se tem dela, em sua finalidade, e as pessoas, que não estão vivendo a situação, sentem medo, muito medo, desse desconhecido que ela representa como instrumental e sofrem, e sentem pena, e se fragilizam, quando aquele que nela está sentado, via de regra de bem com a vida, só tem a agradecer a possibilidade de continuar a andar, de dançar se quiser, de caminhar em trilhas na mata, de guardá-la no carro, e dirigir seu veículo adaptado como extensão dessa própria cadeira.

Cabe dizer que quando se deita pra dormir, a cadeira não vai pra cama, fica ao lado, e o corpo que todos imaginam morto responde por outras formas, e se a paraplegia resulta do espatifar o físico, por certo não arrebenta as emoções, a capacidade de amor, a dinâmica, os conhecimentos, tudo aquilo que se adquiriu e que se prossegue aperfeiçoando.

Salvo, pois, ao que parece, acidente em que o cérebro seja afetado, o poder da vontade, da fé, do positivismo, do pintar a vida em nossa tela mental, da forma como a queremos viver, respeitando as possibilidades, é o único e abençoado caminho iluminado e pleno de felicidade.

A cadeira parece ser restrição para quem a vê antes da pessoa que a utiliza, mas é condição para quem está nela conseguir chegar aonde bem quiser e muitas vezes até onde está aquele que não a consegue, assim, ver, perceber ou sentir, porque se bloqueou.

Bem, por último, eu não poderia deixar de contar que, sete anos após o acidente, tivemos outro filho, um menino, pois nossa vida conjugal não se interrompeu em momento algum e nossa expressão de amor perdura até hoje, de maneira modificada, porque em 1997 meu marido mudou-se para a pátria original.

Meus filhos hoje estão com 30 anos e 23 anos, respectivamente, e se declaram muito felizes.

Assim, a mensagem que a novela, poderá passar para todo o Brasil e, quiçá, o mundo, entre outras, é a descaracterização da cadeira de rodas como estigma de flagelo físico, pessoal e social, quando, na verdade, representa a ampla possibilidade de continuar a “viver a vida”.

Criado e postado, em 22/11/2009, por:
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

20 novembro 2009

O ROUXINOL, O CANTO E A FLOR



Era uma vez....

Num longínquo país, além do tempo, desse tempo evento que conhecemos, uma pequena flor vestida de rosa.

Nascida das montanhas, migrada pelo pólen, especialmente, nas asas das borboletas, foi ganhando o mundo.

No seu rastro, como estrela, melhor dizendo cometa alado, rica em esplendor se fez admirada.

E onde a viam todos, sem exceção, se encantavam.

E todos, com emoção, em seu coração a cultivavam.

E a pequena flor era a alegria dos pássaros, que trinavam em homenagem à beleza do veludo de suas pétalas.

Em jardins ou no universo, disseminava-se de forma recatada e fina, como se educada apenas para isso fosse.

Fazer sorrir o homem, os anjos e encantar os pássaros.

Era assim por toda vez...

Até que um dia, um rouxinol, surgiu dos céus e pousou perto da nossa flor.

Olhando fixamente para ela entoou seu canoro canto, de maneira tão diáfana que o mundo o notou.

Um poeta que passava, então assim anotou.

A flor que motivou o canto do rouxinol, já não é mais flor, pois a ele se acoplou.

Era ela, então, o amor que se expandia.

E ele o coração que a recebia.

O canto, a vida em sinfonia.

E desde então canta o rouxinol, a bela trilogia do amor que inebria.

E, por ora, assim termina a história do rouxinol, o canto e a flor, na trilha, em elegia ao amor.



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Criado e postado por

Márcia Fernandes Vilarinho Lopes




Em 19-11-2009

18 novembro 2009

Então, uma rosa branca pra você!



Neste momento em que me torno nua, despindo-me do corpo material, e colocando minha roupa de luz para dormir na terra e passear no espaço eu lhe agradeço Senhor pela oportunidade plena da vida.

O perfume das rosas brancas exala por todo o ambiente e a sensação é de extremo bem estar, como se de mãos dadas com meu anjo da guarda e com todos os amigos no plano espiritual, formando linda ciranda de criaturas plenas, todas também despidas de seus corpos materiais, em roupa de luz, caminhamos em conjunto.

E assim, elevando-me vou, com todos, até a casa de mãe Maria pedindo-lhe que nos envolva com seu manto azul, que nos inspire como mães, que nos agasalhe como filhos, que nos permita o aprendizado da meiguice e serenidade, agradecidas pela maternidade.

Abraçando a mãe Maria e a todos os de sua casa, chegamos até a casa de Ismael, o protetor do Brasil, pedindo-lhe inspire nossos governantes ao bem comum, dando-lhes o discernimento para se desprenderem do poder, no âmbito da vaidade, para acatá-lo, humildemente, como simples possibilidade de fazer.

Fortalece-nos, Ismael, na senda da fraternidade, para que possamos vibrar com muita intensidade por todos aqueles, que famintos de todos os alimentos, dormindo estão nas calçadas e embaixo das pontes, e até nos jardins públicos, num mutirão de abandonados, senão por nós até por si próprios.

Permita-nos, Ismael, que, sob o manto de tua liderança, possamos tomar consciência desses nossos irmãos e os tomemos pelas mãos, encaminhando-os para a dignidade que a todo ser humano compete. Permita-nos a coragem para fazê-lo, sem hipocrisias.

Prosseguindo, chegamos à casa de Jesus de Nazareth e, num ambiente de paz repleta e completa, o abraçamos dizendo: - Mestre, mestre querido, ajuda-nos a sanar as nossas feridas, que nada mais são que imperfeições de conduta, não permitindo, Senhor, que deixemos de exercer a capacidade de amor, um minuto sequer em nossas vidas.

E numa ciranda plena, todos de mãos dadas, em profusão de luz, nos acercamos do Mestre, para ouvir-lhe mensagens e vibrar, amor, por cada ser, em todas as formas e lugares em que estejam.

E então nesse momento, em nosso potencial, já higienizados e leves, sem a carcaça que nos impede de voar na luz, pedimos permissão para visitar os hospitais, os asilos, as creches, os abrigos de idosos, os hospícios, os cárceres, os campos de guerra e de refugiados, pelos íntegros e mutilados, pelas crianças e jovens, vibrando amor por cada ser em especial, em todos os lugares do mundo, e ainda pelos médicos e enfermeiros, para que possam auxiliar na integração entre a causa/efeito e a cura das pessoas nos seus corpos etéreos e terrenos, vibrando amor, também, pelos cientistas para que possam, em conectividade com o plano superior, alcançar, tornando possível cada vez mais a instrumentalização material de tudo o que já existe no espaço, para a melhora de condições do nosso planeta e da nossa gente estagiária, nessa estação terra.

Vibremos pela paz, pelos países em que a fome mata ou a guerra dilacera. Vibremos pelo planeta e pelo Universo, pelas águas, céus, diferentes planos, astros, estrelas e terras.

Vibremos, afinal, por nós, para que a harmonia e o equilíbrio se façam cada vez mais e mais e mais, em tudo o que somos e em tudo o que façamos.

E, permitindo, ainda mais o alcance para o nosso vôo, pedimos por nossos parentes, amigos e inimigos, imaginando o todo universal, nossa casa, nossos corpos, nossos ambientes de trabalho, totalmente limpos, harmonizados e protegidos, neles projetando as cores do lilás, do amarelo, do azul claro, do laranja, do rosa, do verde cor da relva, do vermelho intenso e, por fim, das luzes prateadas e douradas, como pinturas postas em todos os espaços interiores e exteriores a nós.

Enviemos, por fim, ao universo para a devida reciclagem todos os atos, pensamentos, palavras, sentimentos e formas, ainda mal estruturadas, para que possam se refletir e retornarem de melhor forma interessante e produtiva.

Nesse momento, nos permitimos, mais, encaminhar uma rosa branca, totalmente energizada, a cada um dos nossos amigos, agradecendo o amor e o carinho que, entre os afins, surge facilmente, e aos nossos desafetos, pedindo perdão, sinceramente, por tudo o que lhes tenhamos causado por não lhes conhecer o ânimo.

E, nesse ínterim, em paz, ainda em grupo, extremamente relaxada sinto-me próxima ao mar, sob a lua e as estrelas e plena do etéreo particularizado (de partículas) em mim e quando penso em acordar, ouço alguém espantado, perguntando-me.

Uai! Cadê a cadeira de rodas. E eu lhe respondo. Pra quê?

Abraçados seguimos conscientes de que nosso corpo espiritual, quando liberto, não possui qualquer bloqueio.

E pelo caminho vamos encontrando outros e outros e outros em belas formas de luz esparramada, somada e dividida, atuando em unicidade com os planos da vida em todas as suas dimensões e formas.

Então, se ainda não percebeu, por favor procure a rosa branca que, todas as noites, envio a cada um de vocês, com amor e profundamente agradecida pela oportunidade da conjunta trilha, assim de maneira tão unida.

Criado e postado, em 17/11/2009, por

Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

http://marciavilarinho.blogspot.com

15 novembro 2009

A PIPA COLORIDA E A LINHA COM NÓ CEGO, FORA DO CARRETEL


Era uma vez uma pipa...que se vestia todos os dias com as mais belas cores já vistas...e não era uma pipa modesta.

Era uma vez um menino...que todos os dias colocava linha na pipa...e a pipa ia aos céus...com todas as suas mais belas cores...e também sem nenhuma modéstia.

Era uma vez, assim, um menino e era uma vez... uma pipa colorida ... bem como, também, era uma vez uma linha poderosa... sempre com nó cego.

Aonde o menino ia a pipa o acompanhava dos céus por força da linha que a mantinha sombra dos seus passos no seu espaço vital.

Nem o menino perdia a pipa de vista, nem a pipa deixava de vê-lo, ainda que tão distante.

E a linha? Era bem a linha da emoção e a pipa bailava no azul do firmamento, de acordo com a emoção do menino, a soltar ou restringir a linha, que assim a conduzia...de li mi ta da men te.

Até que um dia...a pipa com suas cores já esmaecidas, pelo longo passar do tempo, que a deixara tão desbotada, mas ainda sem nenhuma modéstia, resolveu seguir o vento.

Aliás, não era vento, era plena ventania, e lá se foi a pipa, com a linha arrebentada, passear em novas paragens e de onde estava podia ver, seguindo aquela linha cortada, outro tantão de pipas, coloridíssimas, que o menino também puxava.

A vagar, nada devagar, a pipa esmaecida ao sabor do vendaval foi ter, de maneira engastalhada, aos pés de um carvalhal.

O menino, dando falta de uma pipa, através do carretel, percebeu muito depois, que a tal pipa esmaecida tinha ficado nos céus.

E até hoje senhores tentam a pipa e o menino “desdar” o nó cego da linha, que mesmo se encontrando rompida, permanece poderosa, pois feita do melhor fio de linho.

Nem um consegue a linha, nem o outro encontrar o nó cego.

As outras pipas? ... acomodadas estão cada qual em sua linha, bem certinha, sem nó cego, ao que parece, seguindo o menino...presas ao seu carretel.

E a pipa colorida, agora esmaecida, mesmo sem encontrar a linha, acompanha, ao sabor do vento, o dono do tal cordel.
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E assim termina, por ora, a história da pipa... e a linha com nó cego...fora do carretel.
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Criado e postado por
Domingo, 15/11/2009

11 novembro 2009

Porque ando descalça

Pra não fazer barulho
E acordar meus sonhos
Em todo o seu enleio

Ando descalça
Em plena areia
Pra seguir o mar
E adormecer meu ser
Em mudo corpo de sereia

Ando descalça
Em pleno ar
Pra alcançar o vento
E permitir minha pele
Em suave arrepiar

Ando descalça
Em plena vida
Pra sentir o calor
E aquecer meu eu
Em tépida guarida

Ando descalça
Em plena tempestade
Pra lavar as lágrimas
E acariciar o olhar
Em sua luminosidade

Sim, ando descalça
Pra não fazer ruído

E ter que acordar você em mim

Criado e postado por Márcia Vilarinho





Em 11/11/2009

06 novembro 2009

Planeta Terra: inclusão social ou interligação vital?


A incrível capacidade da genética nos faz reviver, fisicamente, a cada nova geração, no plano material?

Talvez baseada nesse princípio é que exista a premissa para a doação de órgãos e me pergunto, constantemente, se a nossa energia na pátria original não reconhece tudo aquilo, que na matéria já lhe pertenceu sob empréstimo?

Imaginemos quantas experiências reencarnatórias já vivenciamos, e quantos fragmentos materiais, de nós próprios, existem disseminados pelo planetinha e além do planetinha em outros planos de diferentes densidades.

Agora imaginemos o sol e verifiquemos como os raios luminosos de calor, que dele se desprendem, chegam até nós e conseguiremos, por certo, constatar que se o sol é a origem desses extraodinários e energéticos feixes que se transformam em faixos de luz, então nos fica fácil imaginar que somos raios luminosos de um sol maior, em potencial de luz e calor Criador.

Assim nossa essência vive em simbiótica interligação, primeiro com sua Origem criadora, depois com nossos ancestrais e se esses dois pontos são estações em diferentes distâncias de origem, há que se concluir que há tantos pontos de interligação quantas milimetrais distâncias entre o ser e o infinito até o Criador e o ser até o primeiro co-criado, tomando-se por base referencial a estação terra.

Ora se a genética existe e se comprova que sim, acredito que os gens também possam carregar a energia daqueles de quem se originaram tanto considerados o infinito Criador como o primeiro co-criado, admitindo-se que tudo, no universo, se reduz a espécies de energia.

É assim, portanto, que entendo o todo, e esse todo não admite o termo inclusão social, porque a sociedade nada mais é que a força reunida de todos os raios energéticos que representam cada ser em invólucro carnal temporário, nesta estação planetária, diretamente interligados, em tudo, ao todo.

Buscando reflexão, inauguro e até promovo em debate, se não devemos substituir o termo "inclusão social" por "interligação vital "e, aí, passarmos a refletir até onde ofuscamos o brilho do sol ao companheiro, com nossa sombra (em todos os sentidos lato e simbólico da palavra sombra) por não reconhecermos nele a parte fundamental igualitária que só assim pode compor o todo.

Igualitária no sentido de que todas os raios do feixe são fundamentais para o faixo de luz, se um faltar o feixe inexistirá e se o feixe inexistir a ligação com o sol, no caso, será falha e faltarão milionésimos de luz e de calor, cada vez mais e mais e, assim, as sombras se fortalecerão.

E das sombras surgem o medo, o receio, a realidade em ótica inservível, a escuridão, a ausência, a falta e o desaparecimento da luz Criadora. Precisamos, ao que parece, refletir o outro, ao nosso lado, que como raio de sol nos acompanha nesta viagem terrena, para somarmos, como partes estruturais do grande Oganismo, sem o que inexistimos, todos, em nossa necessária amplitude e, ao mesmo tempo, pequenez, por falta de interligação.


Criado e postado por Márcia Vilarinho
06/11/2009

04 novembro 2009

Esteio



Voar pelos ares e além dos ares
Singrar da ousadia os mares
Viver não apenas por viver
Amar, reconhecer, sonhar, realizar
É fazer da meta um esteio
E desse esteio a meta por inteiro.


Resumo poético, como homenagem que faço ao livro "Pássaro sem asas", escrito por Genaura Tormin, com base em sua plena capacidade criativa de voar (vide in http://genaura.blogspot.com/)

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Criado e postado por Márcia Vilarinho, em novembro de 2009.

02 novembro 2009

Obrigada crianças, obrigada pessoas queridas e obrigada vida!



Sábado passado fiz um longo passeio, não sem antes sair com a minha afilhada e sua mãe.

Antes de ciganar, precisava comprar alguns presentes e elas me acompanharam a um dos Shoppings de São Paulo.

Minha afilhada é linda e, ademais de seus sete anos, somos amigas antes até que ela nascesse. Há uma identificação muito bonita entre nós e tenho verdadeiro orgulho em tê-la recebido como sua segunda mãe.

Vou lhes contar...no dia das crianças ela ganhou cinqüenta reais de seu tio e padrinho, comprou um estojo e mais alguns objetos que desejava, sobrando-lhe um troco de dez reais. Não é fácil para ela ter dinheiro sobrando.

No entanto, em determinado momento, parou junto a um quiosque de sorvetes do Mac Donalds, daqueles de casquinha que eu adoro, e me disse: - Madrinha eu vou comprar um sorvete pra você e do seu dinheirinho pagou não só um sorvete para mim, como para sua mãe também. Ela, por estar resfriada, não comprou para si.

A alegria expressa no seu rosto foi tão real quanto a minha surpresa e felicidade, pois, confesso, apesar de receber sempre surpresas lindas de meus filhos e amigos, o ato em si, me emocionou muito, por ver a sua capacidade de desapego e delicadeza.

Aproveito, então, o blog, para abraçá-la, agradecendo, e dizendo... minha menininha, querida, eu a amo e me orgulho muito de você.

Após o sorvete eu as deixei no Shopping e segui rumo ao resto do dia feito de excelente e longo passeio.

Hoje, domingo e véspera de feriado, também aproveitei inteiramente o dia, ciganando, e lá pelas tantas entramos num dos Shoppings de São Paulo, para tomar um sorvete e assistir a um filme.

Por já estar absolutamente exausta não resisti a solicitar um triciclo motorizado, que o Shopping disponibiliza aos clientes, até porque jamais levo o meu para isso, em função do peso e espaço que ocupa.

No elevador bastante cheio, todos, gentilmente, se afastaram e criaram espaço para que eu pudesse entrar. Sorrindo agradeci e comentei, conversando, como é fácil e gostoso somar, ao que todos se mostraram receptivos de maneira muito simpática. Reparei, então, numa linda menina, por volta de seis a sete anos de idade, de olhar bastante expressivo, com uma bola de borracha pequena na cor verde, e olhando para ela disse: “Nooossa, que chic, a bola combinando com a estampa do vestido. Está muito bonito!” Imediatamente ela olhou sorrindo e me disse. Também gostei muito do seu vestido (eu estava com um vestido tipo bata sobre uma calça leg longa).

Acabou virando festa no elevador, pois todos também elogiaram, tanto à bola como aos vestidos e o clima foi realmente mágico até o último andar, a que, coincidentemente, todos iam por destino.

Quando saímos e, vocês não têm idéia de como sou ruim na marcha-ré de qualquer veículo, e com o triciclo não é diferente, porque gosto, mesmo, é de andar para frente.

Saí com bastante cuidado, e todos esperaram para ver como é que eu resolveria a saída, pois o espaço para manobra era limitado.

Quando saí, nos despedimos, e cada qual seguiu seu rumo. Repentinamente, a minha amiguinha do elevador voltou no contra fluxo e me disse, carinhosamente: “Olha, eu esqueci de dizer que gostei muito da sua pulseira e do seu anel, também”. Agradeci, sorrindo e abraçando-a mentalmente, com muito carinho, pois já ia ao longe com seus pais.

Realmente gosto muito de bijuterias diferentes e essa pulseira chama a atenção, pois se faz um bracelete largo em tons de dourado e vermelho rubi, com anel acompanhando, e todos os detalhes são de extrema delicadeza.

Muitas pessoas já me pararam, pela pulseira, mas nunca uma criança de forma, assim, tão carinhosa.

Não poderia deixar de falar sobre a leveza e a beleza da relação humana pura, simples, verdadeira, sem mascaramento e sem agressividade, sem estupidez ou individualismo crônicos, a compensar os dissabores que muitas vezes passamos frente a aqueles que vêm chegar antes da pessoa, a cadeira de rodas.

Assim, o domingo lindo em que o sol resolveu aparecer em traje a rigor, em companhia agradabilíssima, assistindo a um filme excelente, os transeuntes amigos, num grupo desconhecido e bem vindo, demonstrou que a pessoa realmente, neste caso eu, desta vez, lhes chegou antes da cadeira de rodas e, penso, que assim é que é, e assim é que deve ser.

Todos nós chegamos antes de nossos corpos à vida e me parece que na anterioridade da matéria está o verdadeiro e mais puro sentimento, traduzido, na mais das vezes, em amor.

Não faço parte da cadeira...ela apenas me serve para chegar até onde possa estar com cada um de vocês, que tanto amo.

Obrigada crianças, obrigada pessoas queridas e obrigada vida!

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Criado e postado por
Márcia Vilarinho

01/11/2009