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30 dezembro 2011

Meu último dia do ano em prol do próximo Natal



O meu lado criança também fala no Natal
E mais alto agora que eu já poderia ser avó
Depois de tantos anos procurando
Procurando, procurando, procurando
E procurando e procurando
Atender aos pedidos ao Papai Noel
Feitos pelas crianças
Sempre com precisão absoluta
Sem erros ou equívocos
Certos da exatidão
Sem se importarem com os preços
E aí primeiro porque eles eram bem pequenos
Depois porque eles já eram grandões
E agora porque são adultos
Com seus lados crianças
Ainda super bem postos e dispostos a receber
O presente do Papai Noel
Que estava esquecido em mim
Nos pedidos do que eu queria
Nos presentes que eu sonhava
Nas surpresas que eu esperava
E que depois que meu marido partiu
Não mais existiram
Papai Noel, assim, desistiu de mim
Mas....
Meu lado criança de agora em diante
Grita e pede e.....exige também
Papai Noel, neste último dia do ano
Estou inaugurando um novo Natal
Com os meus olhos de criança
Voltados pras vitrines das lojas
Onde se esconde o meu presente almejado
Porque até então Papai Noel
Eu levei a sério o nascimento do menino Jesus
E achei que todos os presentes seriam para Ele
Além dos meus filhos, meus amigos, meus pais, minha irmã
Sobrinhos, acougueiro, leiteiro, padeiro, entregador do Correio,
Meus funcionários, os funcionários do meu prédio
E o funcionário do prédio da minha mãe
Menos eu....
Daqui pra frente eu aviso
Envelheci
Tornei-me criança de vez
E no Natal que vem
Vou escrever uma cartinha caprichada
Que, de preferência, represente um monte de “cifões”
Pois afinal aprendi
Assim se vive o Natal, em que pesem os senões
Da alta hipocrisia real...e do descaso

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

22 dezembro 2011

Quando os vagalumes acordarem

Quando os vagalumes acordarem
Eu terei na trilha o norte
Para segui-los noite adentro
E descansar beijada pelo sol

Quando os vagalumes acordarem
Eu terei estrelas na terra
E a lua a abençoá-los como mãe
Na sua infinita e emprestada luz

Quando os vagalumes acordarem
Eles carregarão os meus olhares
Por todas as direções espaciais

Quando os vagalumes acordarem
A soma de seus pequenos corpos a brilhar
Mostrará que somar é de fato ato milenar....

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

18 dezembro 2011

Uma bola vermelha na árvore de Natal

No útero do passado
Toda lembrança feliz
Renasce em cada Natal
Na forma dos adornos
Nas cores variadas
A enfeitar
As ruas e as casas
As mentes e os corações
Tanto quanto a Vida enfeita
O nascimento do Poeta mor
Que criou as parábolas
Poesias de Amor
Desde a manjedoura
Onde reuniu ao seu redor os animais
E os representantes reais
E lembro-me do meu pai
Do meu marido
Dos amigos
Dos que se foram
Dos que aqui ainda estão
E na árvore tradicional
Em homenagem a todos eles
Uma bola vermelha
Da cor do sangue que circula em nós
A refletir a sala inteira
A vida toda
Principio
VerboOrigem
Em nós
Natal


Criado e postado em Desafio - Casa 05 - Casa da Poesia em dezembro de 2011
por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

21 novembro 2011

Liberdade

Um novelo bem mesclado
Roubado do arco íris
Colocaram em minhas mãos
Para fazer um bordado
Encantada e sob o sol
Na fresta de uma mangueira
Ao som de uma cachoeira
Comecei o meu mister
E estampei em ponto cheio
Uma pipa se rompendo
Da linha do carretel
E as cores eram tão lindas
Que flanei junto com elas
E naquele momento fui pipa
Livre, liberta
Colorida e fugidia
Tanto quanto
Neste momento
Sou inteirinha poesia.

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

14 novembro 2011

O equinócio em mim

O equinócio em mim
Nasce da igualdade
Das noites feitas assim
Em luminosidade cálida
Saudade transcendental

O equinócio em mim
Perpetua o orgasmo
A carícia e a ternura
Os risos soltos de alegria
Corpos entrelaçando amor

O equinócio em mim
É medida fixa que fica
Fincada no eterno ser
Na epiderme da célula
Primeira que me constituiu

O equinócio em mim é para sempre
Noites idênticas de ardor
Que não se diluiu
Nem se consumiu
Esparso  nos caminhos

O equinócio em mim
É você que foi além
Fez se penumbra
E finalmente luz
Que se reflete em mim

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

29 outubro 2011

O poeta


Olhos soltos
Através do "Uni verso"
Pés alados
Vestes transparentes
Alma enluarada
Mãos que acariciam estrelas
São dirigidas
Pela sensibilidade
Às estrofes
Dos seus versos
Feitos momentos
Eternos
Em que o passado
Se mistura com o presente
Pisca pro futuro
Num compêndio imenso
Titulado Vida
Da alma
Em fotografias
Feito só poesias

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Em homenagem a todos os Poetas da Casa

16 outubro 2011

Meu amor de ontem

Tão bonito...
Semente lançada
Do presente
Em presente
Ao futuro
Nosso amor de ontem
Dos corpos colados
Na dança da música
Especial que ficou
Gravada
Na pele
Nos poros
Na alma
Em partitura da vida
Nos risos conjuntos
Nas brincadeiras constantes
Em horas inebriantes
Dos desejos somados
Realizados
Sob o conluio da lua
Ou sob os beijos do sol
Células somadas
No jardim celeste
De flores então
Feitas filhos
Em “sobre nome” do amor
Enraizado
Sólido
Delicioso
Como cálice de licor
De eterno sabor
Foi se embora
De repente
Embarcado numa nuvem
Singrou o espaço
E etéreo permanece
Numa casa furta cor
Onde me espera
Na continuidade
Esse meu amor....de ontem

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

07 outubro 2011

O camaleão, o sol e o cristal

Em plena euforia
O camaleão transmutava
Em cores e cores
Todas multicores
Como se sorrisse
E o sol surgia
Tépido
Repleto de energia
Refletindo num cristal
Provocava
Estranha competição
Pela fragmentação
Da gama de suas próprias cores
Em prismas
Lado a lado
Camaleão, sol e cristal
E de repente
A inversão
O sol
Somente projetado
Sobre o camaleão
Criou
A mutação
Cores modificadas
Refletidas no cristal
Formando nova versão
Multicolorida
No espaço
Em extraordinária composição
Que muito poucos viram
Talvez os vagalumes apagados
As borboletas que passavam
Os pássaros que voavam
E os anjos e os poetas...talvez
Sim...talvez...
E quantos de nós somos camaleões?
E quantos...cristais?
Em reflexos uns dos outros
Ao sol....

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

Obs.: Entendendo-se o sol como o plexo mais radiante existente em nós e fora de nós

02 outubro 2011

Paz

Gotas d’água
Da fonte brotavam
Ao lado da roseira
Em que pétalas
Formavam
Rosas faceiras
Ao lado do ninho
De um passarinho
Que cantava
Livre
O sol convidando-se
Sorvia as gotas d’água
Acariciava a rosa
Aquecia o ninho
Iluminando o passarinho
Que cantava livre
O tempo inteiro
E o universo
Tão contente
Brotava
Gotas de sabedoria
Transparentes
Como a paz

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

29 setembro 2011

Vertentes

Das limitantes vertentes
O rio segue manso
No remanso
Da minh’alma ardente
Quente
Em contraponto
E no Vesúvio distante
A lava em pedra
Carcinoma de dor
Aflora
Nos rumos do caminho
Das limitantes vertentes
Desse meu carinho
Feito inteiro amor

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

22 setembro 2011

Sou onda que arrebenta

Na ponta de um istmo
Na beira de um farol
Vejo ilimitante
A linha do horizonte
Olho para cima
E sem limitações
Está a linha do Universo
E de repente o corpo chora
A alma assim imensa
Sem caber na limitante
Ferida
Do corpo débil
Vencido
Vencendo
E o pranto
Aumentando
A Imensidão do mar
Torna-me onda
Que arrebenta
.
Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

15 setembro 2011

Vidas híbridas

Vidas híbridas
No sem fim do Universo
Sou estrofe
Reluzente
Do Poeta tão maior
Que nos contempla
E quando os olhos se fazem sóis
E a alma transfigura a lua
Sabemos que somos
Tão somente partitura
Para uma orquestra maior

 
Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

05 setembro 2011

O mouro e a odalisca

Meu canto palpita
As notas do teu coração
Em sinfonia efusiva
Evasiva da paixão
No escapismo da noite
Na fuga de cada dia
Nas lembranças do passado
Sem presente
Forjando todo o futuro
Deixa-me assim a sonhar
O teu carinho de ontem
No caminho do meu corpo
É rastro feito em ouro
Em abraço de um mouro
Nessa odalisca
Que dança
A dança de cada hora
Nos desejos da paixão
.
Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
 

31 agosto 2011

É tarde...é muito tarde.

É tarde
A noite fatigada sucumbiu
E a madrugada fez se dia
Incapaz de adormecer o inverno
Para que a primavera nasça
E o frio dilata os poros
Perpassa a carcassa
Adentra a alma
No momento mais soturno
Desta busca de você
É tarde....
É muito tarde.
.
Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

26 agosto 2011

Incontroverso

Era noite
Era dia
Minutos
Feitos segundos
E além
Era luz
Era sombra
Nos beijos ceifados
No canto calado
No contrário
Do avesso
Do eu
E você
.
Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

12 agosto 2011

Sou tela de cinema


Sou tela de cinema
Sou fotografia
Sonoridade
Personagem e diretor
Sou o tema
O enredo
O conflito
O riso
A dor
E o filme de hoje?
"Você é o meu amor"


Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

10 agosto 2011

Chocolate...e um amigo ... é muito bom

Você
Você que se escondeu atrás da surpresa
Você que foi capaz de tanta gentileza
E tornou mais doce o meu dia
Você
Amigo empatia
Amigo alegria
Amigo harmonia
Que soube escutar, observar
Analisar
Quieto
Enquanto eu falava e falava
Porque minha profissão é falar
E que depois feito conclusão
Esboçou um sorriso
Cravou me de perguntas
E a todas respondi
Aí o seu olhar falou
Da sua aprovação
Você
Que foi capaz então de olhar pro piano
E dizer eu sei tocar
E sentou-se, em dupla, e tocou
E foi notado e anotado
Na alma e no coração
Sabe
Hoje você fez o meu dia mais feliz
Sorrateiramente
Chegou pelo elevador
Sem ser dia  especial
Um pacote bem vestido
E bem grandão
Com fita de cetim
Vermelha
Adoro vermelho
E dentro
Verdadeira festa
Profusão de sentimentos
Vibrações de energia
Alegria, infância, imaginação,
Meus olhos acresceram na visão
E sabe o que estou fazendo
Até agora
Comendo cada bom bom
E cada um tem um gosto diferente
Nessa minha emoção...
Chocolate...
E um amigo!
Isso é mesmo muito bom

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes



05 agosto 2011

Eu não consigo parar de te amar

Neste momento a saudade tua é minha
  E a minha saudade é tudo do nada que restou
Aqui, neste plano feito azul dourado em sol
E as lembranças brotam
Nos imensos jardins dos sentimentos
Clamando o teu sorriso, as tuas mãos
O teu abraço e o nosso enlace terno
Atrevido e sorridente
Jogando o jogo do contente
É...eu não consigo parar de te amar
Foste embora para o além do universo
Num momento tão difícil
E depois que partiste
Ficaste aqui em mim
Nessa sintonia de proteção e alegria
Nesse estar junto
Em que sinto a tua companhia
Nesse acordar
E perceber o quanto nos dissemos
O quanto combinamos
Dos reencontros a fazer
A ter
Ah! meu amor,
Meu sublime, único e sensível amor
Tuas luzes, tuas cores, teus sabores, tudo de ti
Em mim
Chora de saudade, como verdadeira tempestade
Com raios e trovões macabros e aviltantes
Em dissincronia com a paz que existe em nós
Nessa tua alforria que sentencia a minha prisão
Por que por mais que o amor me circunde
Nessa magia, por outros olhos que não os teus
Maior se faz porque respeita
Esse meu amor que pede
Volta....

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

29 julho 2011

Encanto


E do encontro
Fêz se o encanto
Do reencontro assim
Mantida a alquimia
De toda nossa alegria
No vai e vem dos anos
Vimos flores nas janelas
Frutos caídos ao chão
A primavera brotando
Em todo nosso coração
O inverno nos fez mais perto
No acalento do calor
Desse tão intenso amor
E assim chegamos ao outono
Como frutas de uma época
Em que temos o exato gosto
Da pitanga e do cacau
Que somados fazem
Nossos lábios puro mel
Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

23 julho 2011

Olá vasto mundo dos normais!

Olá soberana face!
Desse homem tão bonito
Que não sabe que a juventude passa
Que tem duas pernas esculturais e sãs
E tanto se lhe dá se aquele que ultrapassa
Usa um par de muletas e tanto se cansa
Abre a porta do carro e se acomoda
No convencimento pleno de sua superioridade
Incapaz de oferecer carona na solidariedade
.
Olá lindos olhos da cor do céu!
Dessa mulher tão linda
Que se esquece que o céu se embaça
Que não sabe que com os anos a catarata grassa
E não consegue ver a mulher cega que passa
E que por pouco escapou de ser atropelada
Tão segura do caminho andava
Nos minutos do semáforo contados
Sem saber que o aparelho desgovernado estava
.
Olá transeuntes robotizados em moto contínuo!
Em vertiginosa correria sem sentir o coração que bate
Sem considerar a vida que pulsa pelos raios de sol que vêm
Coroando tanto assim tantas cabeças
E suprindo de energia o asfalto ácido das calçadas
Sem conseguir beijar a terra
Nem uma criança adormecida no meio fio da rua
Ou sequer tantos diferenciados que olham extasiados
A plenitude de serem assim brilhantes e tão bem arrumados
.
Olá jovens que carregam tão cansados seus umbigos!
Transformados em razão de serem o ter
E imaginam no meio de seus brinquedos especiais
Guardados no baú da infância tão presente
O pai e a mãe objetos do seu crescer
Assim tão vitaminados
E postos pra dormir no ostracismo destinado
Pelos seus ideais egoístas de crescer sem acrescer
Sem ver, sem se doar, sem se incomodar, sem nada mudar
Olho pra todos os que passam e digo girem a cabeça
.
Olá criança que acaba de nascer!
Numa cesárea marcada depois de um ultrassom xereta
Que vislumbrou seu sexo invadindo sua intimidade
No berço diferente do que soube fazer José
E que no seu caso é cama acrílica inundada de luz fria
Sem que em qualquer momento lhe banhe o sol
Junto com outros, assim tão iguaizinhos
Sem que as divisórias lhe permitam desde esse momento
Oferecer ao igualzinho diferente o seu alento
.
Por você eu oro e lhe rebatizo... Esperança
.
Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

15 julho 2011

Sortilégio



Cai a chuva em mim
E as flores do jardim
Em perfumes tantos
Entre eles do alecrim
E as margaridas
Me vestem
E o sol
Em anéis de ouro
Me adorna e orna
Piso descalça na terra
Montada em Pégasus
Abraço o outeiro
Pisco pro céu
Recebo da estrela
Que cai e cai
Um sortilégio
.
Cai a chuva em ti
Sois Pégasus
E as lamparinas da rua
Fazem o papel da lua
Desenhando a mim
E me procuras
E não me vês
Escondida estou
Longe bem longe
E então você abraça
O candieiro
Percebe a queda
Da estrela
Que do céu
Se esvai e cai
Num sortilégio
.
Cai a chuva em nós
Desvestindo margaridas
Apagando as lamparinas
Em meio ao cheiro do alecrim
Perde-se o ouro dos anéis
Desfalece o outeiro
Resta o abraço forte
Iluminando a lua
Desenhando a nós
Corpos descalços
Em Pégasus
À sombra do candieiro
Segurando a estrela
Que cai do céu
Unidos num sortilégio
Inteiros de amor
.
Criado e Postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

10 julho 2011

A saga da rouxinol sem asas

Era uma rouxinol
A quem Deus permitiu
Viver sem as duas asas
Retiradas que lhe foram
Sem lhe impedir o vôo
D’alma em seu cantar
.
Seu ninho ao res do chão
Permitia que caminhasse
Até quilômetros por dia
Na sua fragilidade
Em passo pequenininho
Pros filhos alimentar
.
Conseguia aquele pássaro
Conhecer qualquer raiz
E no céu aprofundar
A visão de seus olhinhos
Que nada deixavam escapar
Em extremo repensar
.
Sabia bem das araras
E das maritacas a grasnar
O tempo inteiro a voar
De lá para cá
De cá pra lá
Vaidosas do seu plumar
.
Conhecia os abutres
Que a queriam carregar
Como se em aconchego
Tentando abocanhar
Apenas o seu saber
Por seu longo caminhar
.
E a águia tão esperta
Sempre a lhe rodear
Gravitava como sombra
Pronta para atacar
Por que não admitia
A rouxinol a cantar
.
Forte por ter que ser
Motivada a viver
Tornou-se consertadora
Das quebras que a vida traz
A quem lhe vão até hoje
Todo dia procurar
.
Se teve amigos, não sei...
As asas os carregaram
Aos píncaros de seu sonhar
Na vaidade de seus vôos
Sem nunca pra baixo olhar
Somente dela lembravam
Para algo a consertar
.
Mas de repente
Num grito de grande dor
Chorou seu canto primeiro
Num verdadeiro concerto
Quase morta em desamor
Vendo todos debandarem
.
Mas esse canto sonoro
A fez nu’alma a voar
E ao Criador abraçando... disse:
Perdôo a parte do bando
Que nunca pode emprestar
Um pedacinho das asas
Pra me ajudar a voar
.
E de repente o seu ninho
Em imenso iluminar
Abrigou vários anjinhos
Que estão até agora
Junto dela
A consolar
.
O que cada um tem com isso?
Fico aqui a perguntar...
.
Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

06 julho 2011

Cotidiano


Desperta despertador
Desperta
E a camisola diáfana
Tanto quanto a cortina
Da janela
Escorrega
E anuncia
É dia
Abre-te chuveiro
Fecha-te porta
Encerra a comporta
Do meu eu
Veste a roupa
Apressada
Amassada
De tanto ficar guardada
Presa na estação passada
Que de cansada
Foi embora
Degola o calor do café
Que na garganta escorrega
E cai
No estomago adormecido
Desce pela ante-sala móvel
Chamada elevador
Alcança o carro
Gira a chave
Desperta
Desperta
Motor
Que esvaído
Inverte as letras
E fingindo-se de morto
Resolve modificar
Já de início
O meu cotidiano
Que então....acorda
O meu pensar
Ir...ou ficar?
Realidade...ou sonhar?

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Inspirada num momento em que a bateria do carro arriou

03 julho 2011

Despida de ti

E nesse instante mágico
Em que me lanças ao vento
Despida de ti
Vou
Ao âmago de mim
E sobrevivo

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

30 junho 2011

Poeira dos aviões

Em meio à trilha de asfalto
Repleta de somas
Em atrasos
No caminho
Do ser humano aniquilado
Pelo nada que o tudo traz
Olho entre nuvens e vejo
A ponta do metal brilhante
Do pássaro que voa
Banhado por raios de sol
Que não me alcançam
Mas sobre ele lançam
Um espetáculo especial
Subo aos céus em devaneio
E na rota livre do vôo
Mecânico em ferro
Aço espacial
Em livres trilhas
Sem atrasos
Marcadas pela poeira
Sublime
E singular
Dos aviões
Em versos
Que me fazem assim
Poeta
Segue o trânsito
E
Entumescida
Como raiz fincada
No mágico universo
Que também sou
Vou
Na fila contumaz
Da manhã tão arredia
E fria
Em que ninguém
Diz um bom dia
Nem sequer
Toma café

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

28 junho 2011

Feliz

Feliz
Eu vou detonar o relógio
Vender minha casa
Juntar minhas economias
Se sobrarem dos impostos
Vou pegar um ita pro Norte
Procurar uma praia
Um coqueiral
Uma casa pequenina
Com extensão virtual
Que me abrigue do frio
E me alimente de simplicidade
De frente pro mar
Sem quadros na parede
Pintura natural pela janela
Em tela assinada por Deus
Pela manhã tapioca e mel
Depois a qualquer hora
Frutas em frutal
Durante o dia inteiro
Pintarei telas imaginárias
Em interessantes conversas
Em linguagem primitiva
Permitida
Com os nativos no local
E com os parceiros do além
Anjos também
Serão reflexões puras
Simples e exatas
Que transformarei
Na mais pura poesia d’alma
Que venderei em cordel
E durante os espaços do sol
Estudarei música com o vento
E lerei os pensamentos do céu
E se perguntarem onde anda a Vilarinho
Digam que se encontrou
E da cidade grande se mudou
Sem telefone, sem CPF ou RG
Menos ainda título de eleitor
Sem saber de conta bancária
Siglas de qualquer espécie
Terá apenas endereço certo
Em sua casa e emoção
Pra receber em abraço aberto
Feliz
Os amigos do coração

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

23 junho 2011

Do urucum ao blush

Nas tribos
Pintura exótica
Urucum
Clama
No rosto
Máscaras
Pro dia
Pra noite
Pra guerra
Pra festa
E prá paz
.
Nós tribos
Insight
Blush maquia
Saúde
E vergonha
No rosto
Realce
Pro dia
Pra noite
Pra festa
Prá paz
.
Nós tribos na tribo
Pajés esotéricos
Pajés radicais
Que criam o tempo
Que pensam no evento
E nós femininas
Vaidosas demais
E eles vaidosos
Machos demais
Do urucum
À máscara dos dias
Em tons terminais
Que vai acoplar
Os gens naturais
Convite à Ciência
Pajelança capaz
...............
"Nasceremos, todos, já mascarados
...ou simplesmente maquiados,então?"
.
Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

20 junho 2011

Roda gigante

Roda gigante
Sempre a girar
Como se eu
Fosse o ar
.
Roda gigante
No espaço a planar
Mostrando mil pontos
No seu caminhar
.
Roda gigante
Nos altos, nos baixos
Nos planos girando
E eu a olhar
.
Roda gigante
Em noite de estrelas
E então vejo o mar
 A lua abraçar
.
Roda gigante
E o ar voa livre
Nos poros do rosto
Cabelo a dançar
.
Roda gigante
O teu acalanto
Em doce balanço
A me liberar
.
Dos pontos da rota
Da roda a girar
A vida circula
O sonho a pulsar
.
Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

16 junho 2011

11 junho 2011

Ao meu eterno amor


Teus olhos sobretudo
Ficaram cravados em minh’alma
E de tudo atentos
Viram minhas lágrimas
Em gotas de saudade
E de pronto senti o teu abraço
Forte de ternura eterna
E tantas e tantas vezes
Depois dessa tua viagem
Necessária por certo
Em que fiquei ao cais da vida
Acenando desconsoladamente
Senti o mesmo abraço
Forte de ternura eterna
E se outras pessoas
Fizeram-se presente
Em meu coração
Nenhuma nunca o desalojou
Porque eterno como o teu abraço
É o meu amor por você

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

08 junho 2011

Amanheço...assim


Despertei-me assustada
Pensamentos desestruturados
Sobre ações de trabalho
Em visão embaralhada
Nos diferentes liames do universo
E quando isso acontece
Ressalto o salto da cama
E vou, incontinenti, verificar
Se há mesmo algum problema
A sanar
Ao acolher as mensagens
De mentes em sintonia
Pelos caminhos do sono
Além da esfera do tempo
Das pessoas daqui
Junto às pessoas de lá
Tempo em dissintonia
Esperanto no falar
Tradução sem esperar
E, então, acordada
Revista e acalmada
Faço um café que rescende
Abro a janela iluminada
Por uma luz interna
Parecida a neon
Coração do computador
Passeio os olhos
Pelos canteiros de poesias
Saúdo o canto dos poetas
Colho o perfume dos versos
E amanheço, assim
Em mim
No reverso do meu próprio verso

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes


01 junho 2011

Rotas da Criação - II

O Olimpo em ensinamentos
Valores e pensamentos
Uma boneca de macela que fala
Consciência do escritor se exala
Um óleo sobre tela que persiste belo
Conjunção e expressão em paralelo
Uma peça de teatro célebre
Cuja fama corre célere
Um espetáculo de dança eletrizante
Marcante
Uma orquestra desde os Alpes para o mundo
Sentimento sonoro e profundo
Uma Atlântida perdida no Universo
Sem reverso
Os Incas e os Maias reinventados
Instados
A lua sendo alcançada
Por cientistas poetas
O sol nos alcançando
Energizando
As quatro estações do ano
Verdadeiro plano
Não de Vivaldi, mas de Deus
Nos torna arte feita também

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

27 maio 2011

Dueto....Renato e Márcia em: Tua Simples Presença


Fecho bem apertados//Com medo de não te encontrar
Meus olhos vermelhos e molhados//Embaçando a visão do caminho
Lacrimejados e perdidos//Sem vislumbrar direção
E vejo a tua face distante//Quando a queria junto à minha face tão próxima
Quase errante//Orvalhada por lágrimas quentes
Declino chamados gemidos//Pungentes
Mais do que sofridos//Dolorosamente doídos
Tentando num último golpe//Buscando um anestésico dolente
Acertar teu destino//Querendo você junto a mim
Ao lado da tua face//Todo o meu eu
O meu rosto//Feito sorriso já seco
Com o semblante cansado//Como areia do deserto
De tanto voar//Sem encontrar o oásis
Por dentro das nuvens//Sem encontrar as moradas
Carregadas de espera//Onde possamos estar
Essa constante exemplar//Na ânsia de perpassar o tempo e voar
Que não me larga//Porque jamais larguei você
E sonho enquanto isso//Que o etéro me abrace leve
Com o dia em que abrirei//Sendo chave que liberta
Meus olhos adormecidos//Enxergando pelo avesso
E te verei chegando//Mais que isso  estarei
Caminhando em minha direção//E permanecerei no abraço
Com teu sorriso encantador//Me farei iluminada
Teu jeito suspeito//Me fará reanimada
De me dizer que me ama//E eu sentir esse amor
E com tua sede de saciar//E em cada célula brotar
A minha fome de te amar//Carente infinitamente
E o meu vôo termina//Sou agora uma asa só
Minhas lágrimas secam//Engolidas pelos poros
E minha face se ilumina//Na esperança de você
Com a tua simples presença//Na lembrança do meu ser
Que me alucina//E me toma
Venha, sente-se aqui ao meu lado//Ou melhor deixe me acolhida em teu colo
E conte-me tuas histórias//Aquelas que só você sabe contar
Teus contos de fadas//Tuas aventuras infantis
Dê-me teu beijo mágico//Que me impregnou para sempre
E misture teu suor ao meu//Sempre e sempre
Até cairmos exaustos//Ligados por sensações
Com os olhos fechados//Em plena visão um do outro
E o coração palpitante//Batendo a esperança da vida
E sorrindo//Nessa antecipação do viver...juntos num mesmo plano...outra vez


Renato Baptista // Márcia Vilarinho

Quando a saudade brota, das perdas que se perdeu, dos amores separados, pelos planetas além, a alma fala em dueto muito bem sintonizado, por poetas que essa mesma dor vivenciaram e transformaram no encontro do encanto, a cada momento, como se a distância do etéreo não existisse jamais.

Agradeço, assim, ao meu amigo Renato Baptista essa especial partilha, em dueto. 

19 maio 2011

Amor eterno, sedução sem fim


Surge assim
O amor eterno
Alquimia
Do perfume
Transparente
Em que és a essência
Principal
Inebriante
Inextinguível
Perpétua
Posta em mim
Nos respiros dos meu ais
Nos poros da minh’alma
Na roupagem desta vida
Nas vestimentas do além
Em todo tempo
Flagrante
Amor eterno
Sedução sem fim

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

14 maio 2011

A sentença

Andou trôpego
Subiu as escadas
Apoiado ao corrimão
Agarrando o tempo
Como se fosse um bastão
Chegou lívido
O rosto cansado
De esperança
Os lábios descorados
Os olhos ofegantes
Bêbados de ilusão
Olhou ao redor
Cabisbaixo
Como se visse tudo
Por um espelho
Cabelos desgrenhados
Mãos crispadas
Coração em fogueira
Alma em geleira
Seu nome
Anunciado
Entrou na sala
E um outro homem
Juiz autorizado
Olhou-o
Não o viu
E julgou-o
Culpado...

Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

10 maio 2011

Escrevo nas pedras


Escrevo nas pedras a história da minha vida, com caneta em ponta de lonsdaleite, tal qual a vida insculpiu em meu corpo as marcas do caminhar (Márcia Vilarinho).


De acordo com o site Discovery News, a lonsdaleite é matéria fabricada pela própria natureza. A lonsdaleite, feita de carbono é muito parecida com o diamante. É produzida através da colisão de asteróides e chega a ser 58% mais resistente que o diamante.



Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

06 maio 2011

De repente

De repente
Não mais que de repente
Eu queria o tanque de roupas
O quarador e o varal
E depois a roupa cheirando a sol
Sem amaciantes sem nada
Sabão de pedra
Feito no quintal
Anil comprado na esquina
E o ferro que pesava tanto
Pronto pra desamassar
As rugas do algodão
Por que sintético
Não tinha não
Sabonetes guardados
Em todas as gavetas
Sachês pendurados
Entre os cabides
Do velho guarda roupas
O rádio em melodia
A gente em sintonia
Sintonia maior de amor
Lá fora
Flores se abrindo
Em todos os nossos jardins
E na cozinha
O perfume da comida
Feita com tanto esmero
E cuidado....e sabor
Com gosto de quero mais
E chegando da escola
O destampar das panelas
E a surpresa e a espera
Sempre e cada vez maior
A família reunida à mesa
E minha mãe em tudo ao redor

De repente
Não mais que de repente
Agora...


Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Em homenagem a minha mãe Ortência Fernandes Peres, em seus 90 anos de idade

04 maio 2011

Trigueiro Trigal


Vaguei vestida de amor
Em transparentes vestes
Feitas de inteiros de mim
No abraço que te enlaçou
No alimento que energizou
No teu beijo gosto a mel

Vaguei vestida de mar
Oceano que esparrama
Ondas que correm enfim
E se arrebentam nas pedras
Nas pedras seichos rolantes
Que em mar eu fiz assim

Vaguei nua vestida de ti
Pele a pele poro a poro
Olhos fincados na alma
Pra toda a vida infinita
Coração ribombando alto
Música latente enfim

E nos campos do Poeta
Fui orgasmo do luar
E contundente acordei
Com a força do sol em mim
E nesse encontro frugal
Fiz-te trigueiro trigal


Criado e postado por Márcia Fernandes Vilarinho Lopes