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28 dezembro 2012

E repentinamente....

Você surgiu do Universo
E tocou a campainha de minha casa
Trazendo o brilho do sol
Para todos os cantos do meu eu
E eu ainda semissurpreendida
Com as trilhas que a vida dispõe
Silenciosamente
Discretamente
Verdadeiramente
Depois de tanto relutar
Abraço você pra sempre
Ouvindo a canção que do piano
Novamente vem...
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
28/12/2012

21 dezembro 2012

Você meu melhor presente de Natal

 
Feliz em comemorar o Natal com cada um de vocês que, durante o ano inteiro, esteve junto através dessa troca de mensagens no dia a dia, a acrescer o nosso vínculo e, mesmo, pra você que esteve sem poder interagir nesse sentido e direção, mas que de outras formas esteve presente em minha vida, eu agradeço a força do carinho e a certeza de que fomos e somos um presente um para o outro e, assim, o nosso Papai Noel nada mais é que a própria Vida, retratada por cada um de nós, vida, essa,inserida nesse Universo repleto de riquezas e belezas, de que somos parte tão contagiante como o brilho do sol, ou a vestimenta das estrelas, sob o olhar da lua em reflexo no mar, esse mesmo mar a respirar por ondas que o vento acalanta depois de beijar todas as plantas das florestas....e... em cadeia... o canto de cada pássaro, os olhos alvissareiros de cada animal a dividir o espaço terreno com as pedras ensimesmadas e mudas, os lagos como respiradouros da paz, rios cantores eternos, tudo isso sob os acordes das bençãos diárias  do Criador.
.
E tudo isso nessa soma que soubemos incentivar, eu desejo se repita, assim de forma tão mágica e real, com um abraço forte  sempre a acarinhar, fazendo dos nossos dias um renovado Natal, com imensa alegria a renascer  nessa noite especial em que em nossas vibrações assim nos manteremos reunidos.
 
.
Feliz Natal
Márcia  Vilarinho
25/12/2012
 

11 dezembro 2012

Aos Maias

Dos tempos de além
O pó dos Vesúvios
As poeiras dos desertos
Os vendavais que transmutam
A água do mar em balé
As minas de ouro na terra
As minas de ouro no sol
A chuva que lava os rios
Os rios que levam a água
Os pássaros que levam o pólem
As borboletas e o nácar
São como tambores sonoros
Que ecoam os vales canoros
Nas almas feitas em corpos
Desfeitas lá no além
No parto do ventre sereno
Das profundezas do ar
Além das estrelas do céu
Além do céu e do verso
Desse canto do universo
Que hoje cantamos nós
Na orquestra que o tempo
Regente une a todos sem nós
Seja aqui ou seja acolá
A vida é a voz que ecoa
A voz somada no eterno
Que não desaparecerá
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

10 dezembro 2012

Cadência da vida...cores que não se vão

 
Fruta de duas vidas juntas sementes de amor
.
Em liberdade ainda a mulher, jovem criança e menina
De braços dados de novo na mesma nave principal
Viu repetirem-se as cenas da constância conjugal
Em que a filha encontrara o seu caminho natural
Tal qual como ela e ele um dia se fizeram casal
.
Em liberdade a mulher agora assim tão viúva
Que e viuvez vem da morte e da colheita dos dias
Ainda sorria com a alma em vida tão bem sorvida
E perseguia nos sonhos as asas das borboletas
Querendo pegar-lhe as cores pra enfeitar o sol
.
E nesta noite, a mulher, ainda assim enlevada
Tendo no peito incrustrado um ardente coração
Escreve poesias com rimas assim relembradas
Pelo tempo em que se tornou asas das borboletas
Nas cores orignárias que em si própria mitigou
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Em liberdade a menina
De tranças cadentes
Corria atrás das borboletas
Querendo pegar-lhe as cores
Para enfeitar os feixes do sol
.
Em liberdade a jovem depois de menina
Pé ante pé, descalça, com os sapatos na mão
Quase lhes quebrava o cristal simbolizado então
Pela carruagem e a abóbora história sem ficcção
Cuja Fada Liberdade lhe opusera em contramão
.
Em liberdade a mulher depois de jovem e menina
Em branca camisola de transparentes cambraias
Se erguia da cama encantada de romance e de sabor
Pra achegar-se ao berço da criança que nascera

29 novembro 2012

Assim.. tão outonal


Finalmente se redescobriu
Dos necessários véus da coragem
Que recobrem a fragilidade
Por absoluta necessidade
.
E pode se perceber chorando
E sorrindo naturalmente
Expressando sentimentos
Atrofiados pelo dispêndio
.
Dispêndio de força
Buscada na seiva das raízes
Dos antepassados
Em soma secular
.
E agora é a hora...minutos
Da maciez do algodão...na calma
Da nitidez do céu azul...na alma
Da tepidez do sol...na pele
.
É hora de carinho...presenças
De atenção, de passeios....leveza
Brincadeiras e sorrisos....asas de passarinho
É serenamente vez de ser...simplesmente ser
.
Reinventada...novamente
Meio menina, meio mulher, meio filha
Meio mãe, meio esposa, meio irmã
Em espectro feliz de vivência...assim tão outonal
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

25 novembro 2012

Minha nudez não será castigada


Que me perdoe Nélson Rodrigues
Por contrariá-lo
Porque estou jogando falsas roupas fora
E esfoliando a hipocrisia a cada dia
.
Que me perdoem todos os inexpressivos
Por contrariá-los
Porque estou tirando a máscara
E desnudando o olhar ao caminhar
.
Que me perdoem todos os inconformados
Porque em movimento
Os remendos todos foram atirados fora
Porque me fiz poesia vestida de Universo
.
Que me perdoem todos os incógnitos
Porque minha escrita se faz real caminho
Em que minha nudez desfila
No amplo espectro das reflexões
.
Que me perdoem também os pregressos
Em todos os seus retrocessos morais
Porque a minha voz será sempre canto de arauto
Retificando injustas situações
.
E ainda que me perdoem os modelistas
Porque nacarada como asas de borboletas
Saio às ruas è às vielas de mim
Buscando novos tons do arco íris sem fim
.
E por fim que me perdoem os intrigados
E também os intrigantes
Pois minha nudez não será castigada
Porque vestimenta de minha própria alma
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Nos escaninhos
Do meu coração
Você ficou guardado
Pra sempre
Inteirinho
Nesse imenso amor
.
Nas esquinas de minh’alma
Feitas das quinas  da vida
O perfume do amor perfeito
Rescende ainda pelos caminhos
Da história que ficou
Dos tempos idos do meu eu ao  teu
.
E nos meandros da memória
Nos hieróglifos do espírito
Arquivos que a alma compôs
Reside o nosso segredo
Que hoje nos separa e une
Para sempre.....
 
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

21 novembro 2012

Rodopio II


No meio da pedra
A fonte jorrava
A água do rio
Que o mar tomava
.
No meio da terra
A grama grassava
E a erva daninha
Se acomodava
.
No meio do espaço
Acima da nuvem
A lua dormia
E o sol se escondia
.
No meio do tudo
E do nada talvez
A flor renascia
Despetalada...
.
E a aurora chegava
E o orvalho caía
E a serra nublada
Escondia a estrada
.
E os amores perdidos
Desfeitos no tempo
Levados ao vento
Não mais se encontravam
.
E a flor renascida
Semente plantada
No meio da vida
Rodopiava...
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes


Rodopio I


Na sombra de estrelas
Lua adormecida
No baile dos corpos
Eloquentes
Cada contato
No  rodopio
É fala que cala
Em muda linguagem
Do vocabulário
Falam ... somente
Os sentimentos
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

16 novembro 2012

Narcisos

Dói-me a alma
De maneira insólita
Por me ver assim
Tão consumida
Pelos egoísmos
Insensatos
Dos inconsequentes
Que inconscientes
Sequer são capazes de saber
Da dor que causam
E que provocam
A cada cobrança
A cada pedido
Quando tudo o que espero
Cansada de ser e de bastar
É o silêncio da mudança
Para que possam deixar
De ser Narcisos
E verem refletido
No espelho cristalino
Do amor ou da amizade
O meu próprio eu
E que pelo telefone
Ou por telepatia
Pela oração até
Descubram a emoção
E queiram saber
Verdadeiramente
Como estou
Onde estou
E realmente
Quem para eles
Eu sou....
Por que me dói a alma
Essa tamanha solidão...
Na presença de tanto casuísmo
E tão grande desatenção...
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

13 novembro 2012

Irredutível mesmice?



Caminhando pelo etéreo custo muito a aterrissar no plano terreno e, hoje, quando aterrissei, percebi quão difícil é para as pessoas voarem...em direção...ao seu próximo mais próximo...seja ele quem for....e s p o n t a n e a m e n t e.
.
E o mais interessante é que tanto consigo planar quanto fincar os pés na terra, com a mesma noção espacial e especial de quem sou, o que faço e o que desejo, realizando os resultados tanto num campo como n’outro.
.
E perscrutando com o olhar d’alma um pouco mais além eu percebi quão ajustados os seres humanos estão à obrigatória limitação corpórea sem perceberem que ela é um instrumento necessário para a sobrevivência...apenas... neste planeta.
.
E essa limitação corpórea vai desde o corpo ao copo à cama à casa ao carro aos filhos à esposa ou ao marido aos amantes à indumentária ao padrão do restaurante à marca do carro ou do computador ou a tudo aquilo que os professores nos ensinaram, lá nos primórdios da infância... substantivo é tudo aquilo que se pode pegar.
.
E poucos se fixam no adjetivo...objetivo real...no sentido verdadeiro...e como isso é notório...porque somente o adjetivo qualifica... e as pessoas tendem a somar “pseudos adjetivos” sem buscarem-nos em suas essências, como se substantivos, de fato, fossem e acrescentassem itens a um patrimônio “moral”, tão falso quanto, e material, como se tudo fosse a mesma coisa....
.
E aí vemos estupefatos moças e moços, senhores e senhoras...corporificados...com seus copos...via de regra....mesmo que sejam com bebida alcoólica ou água....ou ainda uma xícara de café....competindo e competindo e competindo....quanto às qualidades dos bens materiais a que se apegam e pelos quais, pasmem, se tornam absolutamente iguais...ou do quanto o trabalho os estressa...ou de frases feitas que repetem e repetem e repetem como se fossem engraçadas...que...incapazes de uma conversa produtiva...terminam seus encontros....satisfeitos....pela grande diversão auferida nessa vazia e vaga competição....quer seja em casa ou em algum imenso salão.
.
E eu olho e eu olho e eu vejo e quanto mais eu olho e quanto mais eu vejo...chego à conclusão de que as pessoas se fazem apenas eventuais colegas...sem conseguirem se fazer amigas....na mesma proporção que o significado do substantivo, quer próprio ou comum, é completamente diferente do significado do adjetivo.
.
.Vale, vale mesmo, pensar que para que o adjetivo exista o substantivo é fundamental... tanto quanto o material é fundamental para a nossa sobrevivência....neste planeta....mas o adjetivo.... vai além....e acredito até que...é o que torna diferente de fato...ampliado ..... qualquer substantivo....por isso a amizade é imorredoura...sem importar onde se encontrem os amigos...feitos qualidade.
.
E nessa crônica indago o que fazer com esse cansaço que o substantivo traz.... ao ver ao meu lado tantos colegas...politicamente corretos..... em mesuras e posturas...querendo encontrar amigos.....que me parecem cada vez mais longínquos do sentido que a amizade tem....por isso acho que cada vez mais custo tanto a aterrissar...nessa mesmice. Irredutível mesmice?

 Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
 

11 novembro 2012

Eu trilha...rastro sou

Era linda a trilha
Repleta de luz
Que se apagou
Sem lua
Sem sol
Sem o sal da vida
.
Era linda a trilha
Porque perfeito aquele companheiro
Que nos seus rastros
Deixou pegadas
Em cada flor
Por ele cultivada
.
Era linda a trilha
Enquanto árvore frondosa
Servi a sombra
E o refrigério
Na força de meu caule
Na veracidade da minha raiz
.
Era linda a trilha
E hoje totalmente abandonada
Velha árvore não mais respondo
Nem pela sombra
Sequer pela raiz
Menos ainda pelo refrigério
.
Isolada me fiz morada
Apenas da passarada
E o companheiro bem à frente
Vai carregando raios de sol
Pegadas do luar e as flores
Que só a elas... ele cultivou
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

09 novembro 2012

Um dia...

Um dia
Em qualquer momento
No meio do trânsito
Vaivém de almas
Que chegam e que se vão
No silêncio
Ou na agitação
Depois de muita negociação
Eu morrerei
Mas a minha voz...não
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

04 novembro 2012

Outono...uma triste visão - Parte I

 
Chegou o outono
E com ele as folhas vermelhas
Que queimam os olhos
E incendeiam o coração
Perdendo para sempre
O perfume inebriante e próprio
Dos dias que se foram
E assim como as folhas caem
Os aparentes velhos trôpegos
Com alma de poeta
E ideais capazes
Em capacidade de ganho e sustentação
São tratados sem interesse
Como se fossem fardos
Que nunca serão
Porque já não aproveitam
Aos interesses egoístas
Dos que lhe sugaram
Desde o leite
Até a capaz idade
E quantos nunca se lembraram
Em devolver carinho
Companheirismo e companhia
Trocando tudo por moedas
Feitas escambo
Como se fôssemos todos
Notas Fiscais ambulantes
E quantos sugaram o que rendiam
Em capacidade
Em sagacidade
Lealdade
Sinceridade
Tenacidade
Dedicação...enfim... amor
E sem miopia viam
Quantos bajuladores
Malabaristas e sedutores
Deles se valiam
E mesmo assim os serviam
No interesse maior do ser
Que cresce, se engalana e esquece
Ou desconhece
Tenha a idade que tiver
Que as folhas de outono
Queimam os olhos
E incendeiam o coração
Quando trazem em si, o mais letal dos venenos
Chamado...ingratidão
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

26 setembro 2012

Desafio meu

Minha tela imaginária
Plasmada
Em nuance universal
Criada
Volátil e virtual
Emoldurada
Semi completa
Seleta
Em que apenas
Vestida de noite
Falto eu
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

09 agosto 2012

A rosa....

De repente
Não mais que no repente
Em meio ao trânsito tresloucado
Extremamente emburricado
Mudei a direção
Em busca de um lugar do passado
Cheguei como se outrora fosse
E o outrora se fez presente
De maneira tão latente
E com a ajuda necessária
Cheguei à nossa área
Nosso cantinho especial
Nossa mesa
Madeira tosca
Canto sagrado
Que até hoje canto eu
E ali acomodada
Pedi o de sempre
Meu pensamento rodopiou
Dançou
Viveu
Reconheceu
Girou
E ali fiquei
Saboreando lembranças
Os minutos contando histórias
De cada momento
Sem lamento
Vivendo o antes
Agora ao depois
Como o avesso do avesso
Que se repõe
E de repente
Não mais que no repente
Uma entrega especial
Uma rosa
Cor vermelha
Fixada para sempre
Na alma que acalentou
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

07 julho 2012

Reencanto

Num canto qualquer do meu coração
Você se acomodou e adormeceu
E foram tantos dias mornos
Sem tempestades de verão
Que me acostumei ao inverno
Aquecida pelas lembranças
Do teu eu
.
Num canto qualquer da minha vida
Você ficará como quem esqueceu
De ser o que sempre foi
Ou o que era
Pra abdicar de ser o que será
E o tempo...... passará
Carregando seu apogeu
---------
Sementes do amanhã?
Somente as que possam brotar
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

27 junho 2012

Sou livre...sei que sou


Hoje vislumbrei-me
Liberdade
Em mim esparramada
Como sementes brotadas
Em terra preparada
Porque somos livres
Ainda que no cárcere
Das emoções
Ainda que sob legislação
Ainda que sob o relho
Dos desmandos
Somos livres
Quando tomamos a direção
Dos nossos pensamentos
Livres pensamentos
E os realizamos
Criando nossos próprios caminhos
Trilhas abertas em qualquer rincão
Sou livre
Sei que sou
Na desobediência à contenção
Ainda que aquebrantada
Ainda que amordaçada
Ainda que condicionada
Ao uso de uma cadeira...que roda
Para o desespero de muitos
O aplauso de outros
E a minha auto aceitação
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

05 junho 2012

Minha caixinha das emoções contidas

A suavidade da canção
Invadiu o ambiente
Restrito
E restritivamente
Me ative tão somente
À partitura da vida
Que se inicia pela nota
E em meus pensamentos
Mitigaram lembranças
ceis de brotar
No coração em sol
Latejando brilho
Sinalizando a ária
Das emoções tão só
Concentrei-me tão somente
Na via de mão dupla
Tão evidente
À minha frente
Por ela seguindo
Até o ponto de partida
Sem chegada
E sem parada
Assim perdida
Em milesimal momento
Num labirinto
Chamado nó
Sem reconhecer paisagem
E sem retroceder caminhos
Fomos embora...
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

04 junho 2012

Como é gostoso gostar de você



 
Como é gostoso gostar de você
Quando saímos a esmo
Como crianças em férias
Parando numa mesa de madeira
Num atalho ao fim da estrada
E de repente surpresa
Você retira do carro
Uma cestinha de vime
E dentro dela
Tudo o que mais gosto
Recheada de carinho
 E no meio escondidinho
Não acredito......
Uma caixinha com...
Mandiopã
Fazendo da hora
O recreio
E a infância me abraça
No abraço do seu olhar
E você marca a semana
Tanto que hoje estou a pensar
Como é gostoso gostar de você
Que faz de conta que encontra
Um lugar encantador
Que você com muito esmero
Escolheu...guardou...premeditou
Como se fosse ao acaso
E assim vamos contentes
De canto em canto
Até o sol adormecer
E o dia entardecer
Fazendo nossa ciranda
E no reflexo do luar
Quando a noite se adianta
Passamos a ser dois cálices
Em mistura de sabor
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

30 maio 2012

Amigo


E longe
O teu calvário prossegue
Na material despedida
Do filho companheiro
Meta alva dos teus anseios
Das tuas preocupações
O tempo inteiro
E vimos juntos o tempo passar
Desde  aquele sorriso primeiro
No berço tão cativante
E alvissareiro
E depois tantos desgastes
A luta por mantê-lo
Junto de ti na mesma pátria
E em razão da negativa
 Te tornastes apátrida
A consertar emocionais
Pelo mundo inteiro
E vimos juntos o tempo escoar
Na ampulheta do desencontro
Você aqui e eu lá
E depois o contrário realizado
Eu aqui e você em algum lugar
Amigos sempre
Mais que companheiros
Mais que irmãos
E nesse momento juntos
Vemos a vida bem longe recomeçar
Na pátria que imaginamos original
Em que ele haverá de estar
Abraçados ainda que tão longes
Na saudade que a presença do guri amado
Desde já está a causar
Lágrimas ocultas na luta por fortalecer
Lágrimas choradas livres na expressão de ser
Lágrimas misturadas na soma que sempre
Soubemos ter......e...volte logo
Estarei aqui...sempre...amigo
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

26 maio 2012

Quando um homem chora


Quando um homem chora
Rompe-se o dique da contenção
Massificante e mascarada
Na quebra da violação ao sentimento
Que se faz de forma contumaz
Desde que nasceu
Para ser assim macho capaz
Quando um homem chora
A dor da perda mais doída
No abraço solidário da mulher amiga
Na soma da ferida repartida
Ao ver o fim da vida
De um filho amado
Quando um homem chora
Não há soluço
Apenas um pranto continuado
Que jamais se permitiu nascer
E nesse momento chora ele
E choro eu.....
Que chore o mundo
Por que a raiz partiu
E a árvore ao ver o fruto despencado
Não suportou
Ruíu....
Somente em novas sementes
Lentamente a germinar
Poderá quem sabe um dia
Novamente suplantar
Deixem chorar portanto
Todos os meninos
Que a lágrima
É sinal de igual
Na equação da dor
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
(em lágrimas)

24 maio 2012

Volta...


A noite chegou tépida
Pela coberta de lã
A luz modular acomodou o breu
À meia luz
Com os olhos semi abertos
Em sensação de abandonar
Todos os limites
E de repente se fez dia
Claro em céu
Maravilhosamente azul
Flores
Em perfume inebriante
Da alfazema
Campos naturais
Pássaros a chilrearem
Sem qualquer partitura
Verdadeira orquestra
Em claves de sol e bemóis
E de repente um vulto
Conhecido e reconhecido
Você
Vindo em minha direção
Seu rosto resplandecente
Em cores de saúde
Sua roupa branca habitual
Seu sorriso inteiro sempre
Fosse qual fosse o devaneio
Ou a agrura que a vida trouxesse
Sim o seu sorriso inteiro
Abraçou o meu olhar
Orvalhado pela emoção
Desse encontro tão sentido
Verdadeiro
E no abraço intenso e sorrateiro
Uma eternidade viva
Fazendo vibrar nossos corações
Teu corpo intacto abarcando o meu
Tuas mãos silenciosamente em meus cabelos
E o dourado invadindo tudo em tom tão derradeiro
E novamente voltando à tepidez do cobertor de 
Os olhos semi cerrados se abriram inteiros
Como se fossem janelas d’alma
Fotografando a vida
E a saudade que eu sentia
Se tornou presente eternamente
Um sonho
Foi apenas mais um sonho
Amanhece
Novamente amanhece
Você de novo tão longe
Levado assim de mim
E tão presente
Num momento
Apenas um momento
Eu não queria ver você partir
De novo
Volta, ainda que em sonho
Volta....
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

14 maio 2012

Nossa história

A estrada continua reta
E somos como duas setas
Cada um em diferente direção
Os teus passos pela casa
O teu chegar alvissareiro
O teu constante ir e vir
A tua risada gargalhada
E às vezes tão gorjeio
Nossos planos
Nossos anseios
Eu tão centrada na terra
E você verdadeiro apátrida
A querer levar me pra longe
E eu sem querer perder o perto
E olhando pela janela
Encontro a linha do horizonte
E nossa história
Vira um lindo quadro
Em pintura tão real
Pendurado nas paredes do passado
A enfeitar a própria vida
Então bebo do cálice o Porto
E como um bombom
O último da caixa
Que você me trouxe
Enquanto ouço Vinicius
Mestre do amor
Em filosofia viva
A cantar
Eu sei que vou te amar
Por uma vida inteira
E ao mesmo tempo declamar
Que não seja imortal
Posto que é chama
Mas que seja infinito
Enquanto dure...
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes