Translate

03 dezembro 2014

Egos em andaimes

Desperto...
O sol da meia noite
Brilha ao redor da lua
E a rua é espelho
A refletir a alma nua
Do homem bêbado
Que cambaleia
E no seu bambolear
Tudo muda de lugar
E a lua volta
Pra brincar com o dia
E o sol transpira
Raios de luar
E o homem
Bêbado
Cai
Em sono
Fumaça
Sem hoje
Sem amanhã
E o seu respirar
É o silvo dos lobos
E no entanto
Há apenas um cão sóbrio
A lhe guardar
No topo do andaime
Cadafalso
Do eu
Ego?
,
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Da Série "Ego?"

09 novembro 2014

A ampulheta d'alma

Tudo chega ou termina
Ao seu tempo
E como os místicos
E os cientistas
Eu creio
Na força dos astros
E nos quadrantes
Invisíveis do espaço
Regendo nosso caminhar
Quando neste planeta
Refletem-se no mar
Movimentados pelos ventos
Pela posição do sol
Pelo ballet misterioso da lua
Pela conjunção das estrelas
Pelas forças criadoras
A energizarem cada grão de terra
A influenciarem cada célula
Astrologia eu creio em ti
E o meu horóscopo declara
E a ampulheta aclara
Um novo ciclo
Amanhã será dez de onze
Dia em que renasci
Dos escombros
E depois de várias datas
Todas tão importantes
Marido e filhos
Famíliares e amigos
Meu eu em projeção
Novos tempos
Novos eventos
E diz a horoscopiza
Em quinze de onze
Haverei de perceber
Através do sentir
Quem e o que ficará
Entre tantos
Por verdadeiro
E assim me norteará
O coração
Ouvindo-me a alma
E perdoe-me amigo
Se a partir de então
Não estiver mais
No teu caminho
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Da série “Sol, Mercúrio, Saturno e Vênus”
 

03 novembro 2014

Amor perfeito

O pranto do deserto
Em mim
Na aridez
Da lembrança
Dos sonhos teus
Deixados de viver
Pela morte
Que os soterrou
Antes
Das células
Tão espatifadas
Como essas estrofes
Assim falidas
Nesses versos meus
São lágrimas
Represadas
Quando lembro
Dos teus olhos
Tão cansados
A dormirem
De repente
Sem nunca mais
Poderem vislumbrar
Nosso amor perfeito
.
Finados
Atrasado
2014

 


02 novembro 2014

Ser companheiro


Entre tantos
Você se superou
Na arte de ser
Companheiro
Sem fronteiras
Nem limites
De dia ou hora
E no trabalho
Que a cada um compete
Que cada um veste
E reveste
E distancia
No correr dos dias
Na fuga dos minutos
E...no entanto
Quando lado a lado
Mesmo ocupados
Você
Presencial
De surpresa
É acalanto
Especial
Que abraça
Sem porquês
Sabendo de solidão
E talvez por isso
Exatamente
Chegue
Simplesmente
Cada dia mais
Com um sorriso
Sempre diferente
E é por isso
Que te amo tanto
Amor amigo
Amor verdade
Amor antigo
Amor pra sempre
Eternidade
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Da série “Simplesmente ser”

21 setembro 2014

Implosão


Quero o passeio
Do teu calor
Pelo meu corpo
Quero o abraço
Mais que enlace
Mais que amor
Quero a suavidade
Do contato
Como grito
De um contralto
Em eco modulado
Esparramando
Energia
Da cinética
Multicolorida
Multifacetada
De todo o Universo
Em completa dimensão
Quero o teu beijo
Incandescente
Feito toda tepidez
Desse carinho
Como joia de quilate
Verdadeiro
E o batimento
Superposto
Dos nossos corações
E o sono em abandono
Nos levando
E enlevando
Pela estrada
Em ascensão
Feito elevador
De puro cristal
Refletindo
E irradiando
Esse inteiro sentimento
Culminando inteira sensação
Nos rodopios das aragens
Em arabescos dançarinos
Corpo a corpo descansados
A manter toda junção
Permitindo
Assim perfeito
O conúbio de almas
Diamantes
No fetiche
Do presente
Projetado
Do passado
Na mais plena implosão
.
Márcia Fa. Vilarinho Lopes
Da série “Amor”

02 setembro 2014

Deus, quem sou?

Foto: Deus, quem sou?
.
E Ele nos conduz
Através da recriação
Por amplos caminhos
E grandes veredas
Mostrando passos 
E descompassos
Na força do cajado
Desde onde Vive
Até onde revive
A chama
De intensos amores
De velhos pendores
Em infindáveis anseios
De antigos sentimentos
Que evoluindo enlaçam
Novos corpos em rostos
Sempre companheiros...
Na jornada familiar comum
Grandes e mínimas empatias
Nos vínculos que enlaçam
Com a mesma força do ontem
Reencarnados como sementes
Que se transformam em árvores
Milenares em raízes esparsas
Fincadas na terra do coração
E como cegos vamos indo
Sem reconhecer passagens 
Sem retroceder caminhos
Transformados 
Em muitas dimensões
Somos imagens vivas
Vistas e sentidas
Num espelho multifacetado
Chamado Vida
Deus, quem sou?
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Da série “Vidas”
E Ele nos conduz
Através da recriação
Por amplos caminhos
E grandes veredas
Mostrando passos
E descompassos
Na força do cajado
Desde onde Vive
Até onde revive
A chama
De intensos amores
De velhos pendores
Em infindáveis anseios
De antigos sentimentos
Que evoluindo enlaçam
Novos corpos em rostos
Sempre companheiros...
Na jornada familiar comum
Grandes e mínimas empatias
Nos vínculos que enlaçam
Com a mesma força do ontem
Reencarnados como sementes
Que se transformam em árvores
Milenares em raízes esparsas
Fincadas na terra do coração
E como cegos vamos indo
Sem reconhecer paisagens
Sem retroceder caminhos
Transformados
Em muitas dimensões
Somos imagens vivas
Vistas e sentidas
Num espelho multifacetado
Chamado Vida
Deus, quem sou?
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Da série “Vidas”

30 agosto 2014

Ser e estar


E de repente
Livres
De amarras
Da insegurança
Dos medos
Da visão abortiva
De qualidades
E defeitos...
De limites
Das comparações
Da intensificada posse
Da propriedade imprópria
Porque nos fizemos soma
E somos
E estamos
Como o céu
Complementando o espaço
Como a água
Complementando a terra
Inteiros e livres
Em equilibrado veio
Para o que nos são as asas
Em voos
Juntos
Por momentos
Numa mesma direção
E em outros
Separados
Pelo espaço
Bem por isso
Sem sermos
Prisioneiros
Quer dos modelos
Quer dos estigmas
Ou mesmo um do outro
Somos duas dimensões
E por isso há tanto
É o sentimento assim
Tão verdadeiro
Que nos mantém
Inteiramente
Inteiros
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Da série “ Ser e estar”

23 agosto 2014

Meus campos de margarida


 
São tantos os movimentos
Feitos momentos vividos
Guardados no coração
Refletidos com emoção
Em cada troca de olhar
Que faz da vida uma estrada
Marcada em linha dourada
Pra não perder o reflexo
De cada passo galgado
Em sintonia e união
.
São tantas as alegrias
E os risos tão espontâneos
Que renascem das aragens
De tão distantes paragens
E quando chega o encontro
Restabelece o encanto
Num abraço acalorado
A registrar o carinho
Que nada pode afastar
Nesta serena idade
.
São tantas as novidades
Em internas descobertas
Desse tempo diferente
Que se traduz no outono
Em soma de primavera
E é constante a quimera
Que nos faz atravessar
A ponte do dia a dia
Importante travessia
Para a verdade do ser
.
E em somas de vagalumes
Quando o sol adormece
Os olhos voam com eles
Buscando os corações
Que durante todo o dia
Seguiram as borboletas
Em campos de margaridas
Ao som de trinados vários
Que fazem do tempo presente
A presença do passado
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Da série “Meus campos de margaridas”

15 junho 2014

Minhas estrofes que são tuas

E durante dias
Desde o nascer do sol
Até o despontar da lua
Em diferentes vestimentas   
Durante sua visita ao espelho
Feito ondas do mar silenciosas
E do movimento dos rios
Assim tão cúmplices
Iluminados por estrelas
Guardei no coração a emoção
De todos os momentos nossos
Desnudos de expressões verbais
  Feitos do abraço d’alma
A transmitir-me a tua calma
E a perpassar-lhe inteiro o meu amor
No silêncio dos minutos feitos
Ao cair de cada gota madrigal de orvalho
E ao deitar-me... todas as poesias
Geradas assim de tão fortes energias
Esparramadas na gaveta ao lado
Da parte da cama que me pertencia
Como gotas de cristais filtrados
Bem do lado esquerdo assim guardados
Tanto quanto no meu corpo o coração
Embevecido e semiadormecido
Ditava transformando em batimentos
Todas essas minhas estrofes
Que são eternamente tuas.
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Da série “Momentos de magia”
    12-06-2014
 

04 maio 2014

Assim te amo


Do tempo pedido
Manteve-se o tempo
Perdido no talvez
Sem poesia
Calada em reflexão
E se hoje lhe nego o não
Também não lhe digo o sim
Porque não há o espaço
Assim pedido
Com regras
E abstenções
Em ciúme de emoções
Vivas em meu coração
E vamos além
Sem dia ou hora
Sem planos
Sem posse
Sem delimitação
Sem propriedade
Sem semáforos
Sem indicações
Em retas paralelas
Porque é assim
Exatamente assim
Que te quero
Porque não sou tua
Nem és meu
De comum...
Temos o suficiente
O sentimento uno
Assim
Profundamente estável
Sobre as ondas da maré
Que te fizeram náufrago
E que me fizeram viva
Nesse encontro
Nesse encanto
Sempre novo
Desde tão antigamente
Na euforia da meninice
Na jovialidade adolescente
Na maioridade
Em vidas diferentes
Afastados momentaneamente
E na maturidade
Em que finalmente nos unimos
Resta-me dizer...assim te amo
De forma surpreendente
Em metamorfose de amor
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Da nova série: “Metamorfose de amor”

04 abril 2014

Somos



 Como no compasso
Deste descompasso
Somos nesta vida...
Signos de orquestra
Juntos a dançar
.
Como folhas soltas
Na ventania envoltas
Em breve sinfonia
Somos maestria
Neste balouçar
.
Como asas delta
Em brincadeira celta
Que nos faz voar
Somos amplitude
A nos enlaçar
.
Como quietude
Som em plenitude
Coração ao centro
Neste abraço lento
Em olhos de olhar
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Da série "Somos"  

23 março 2014

Flash


Corpos que se extravasam
Corpos que se distanciam
Corpos que se saciam
Corpos que silenciam
E na taverna da vida
O vinho dos sentimentos
Adormece o cérebro
Embebedando o coração
E nesse cenário espúrio
Despida de carnes a alma
Reluz no reflexo da lua
A sua própria ternura
Tal maré que beija areia
E na algazarra da noite
Estrelas são vagalumes
Alguns sussurram prazeres
E em outros a lágrima brota
E no canto qual fotógrafa
Num flash sorrateiro e cabal
Eu vejo que há copos cheios
De estanho tão amassados
De cristal sempre trincados
Quebradas as transparências
E outros de borracha latente
Sem nunca se distorcer
Contendo amores e dores
Por toda uma vida inteira
E na taverna da vida
A noite suplanta o dia
Que novamente já vem
Corpos são copos d’alma
Que a vida em si a retém
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Da Série "Flashes"

09 março 2014

E ainda me perguntas?

Me perguntas por que
Das poesias te escondi?
E direi que a ti minh’alma
Falou diretamente do amor
Que foi norte e sul
Dia e noite
Desse terno caminhar
E dos dias escuros
De saudade camuflada
Em que a chuva foi lágrima
Que lentamente rolou
Nas faces do rosto
Leito dos sentimentos
Represados no dique
Desses olhos meus
Que foram sempre
Inteiramente teus
E me perguntas
Por que de poesia me vesti?
E te respondo
Foi para esconder-me nua
Por que teu nome
Em mim a vida tatua
Na pele e na epiderme
Escrevendo tão somente
Teu prenome...AMOR
.
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes
Da série “Incógnitas do meu ser”
.

19 fevereiro 2014


A cerração imensamente cor de rosa, que desde criança me assusta, descerrou-se em portal e pude passar por ele e nitidamente encontrar-te e o teu sorriso resplandecia os olhos de dormir despertos, com o brilho do sol misturado... ao desejo do luar.
.
E minha roupa terrena, esse vestir roto que me agasalha e me mantém aqui tão longe do teu aí, caiu deixando-me nua a alma que enlaçada ao teu brilho flutuou na claridade além, muito além, da névoa dissipada.
.
E então perpassamos por tantos diferentes dias da eternidade que nos tem mantido juntos, assim unidos e inseparados sempre, ainda que com diferentes máscaras, em diferentes ais, no baile indefinido dos dias desse gigante chamado tempo, no acalanto maior dos nossos passos retroagindo e retrocedendo paisagens.
.
E nesse passeio meio cósmico, muito além do universo, conseguimos sempre e mais entender onde estavas quando eu desaparecia e onde desaparecias de onde eu estava e o porquê, no enunciado da trilha mágica que nos faz eventos.
.
E então o dia amanheceu mágico e fugidio no compasso do relógio frio que me fez vestir esta roupagem terrena e rota novamente, fortalecida por esse nosso tão completo e encantador encontro , em que o teu perfume restará guardado na vestimenta d’alma...assim tão sempre.
.
E a cerração em rosa passou ao cinza da cidade grande no meio desses diferentes transeuntes, que fazem parte desse terreno mundo, em meio às sirenes das buzinas, pelo atraso dos minutos condensados nas palpitações feitas por sustos e medos que passeiam pelas nossas veias...no desencanto de tanto e tamanho desencontro...em diametral disparidade de energias...essas sim, dissipadas e contrariadas no dia a dia desse marca passo do coração ferido do mundo, de onde olho para o alto....e ainda te vejo, porque geminadas estão nossas raízes.
.
Em homenagem....no meu 35º aniversário de casamento...para sempre
Márcia Fernandes Vilarinho Lopes