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27 julho 2016

"A partitura da vida"


                  Sou e, por momentos, acredito que seja, você, “Ego”, a minh’alma, ou boa parte dela, tão sincronizados convivemos em todas as situações do dia a dia...imaginando... que assim também tenhamos nos comportado nas situações de séculos a séculos.
                  Então, nesse tempo tão inteiro, “Ego”, você, consegue, num concerto a seis mãos, executar a uníssona melodia “Vida” em partitura de clave moral, dedilhando em conjunto, com plena complementariedade, em soma, as teclas em sustenidos da humildade, consciência, alegria, sabedoria e moral, sem dissintonias com quaisquer dos bemóis, que podem significar, e acho mesmo que significam todas as conotações melódicas da genética dominante, num mesmo corpo, diferente do anterior, que nos abriga, em cada encarnação, em escalas modificadas a qualquer tempo pelo evento vida ou morte.
                   Pois é, de repente, surgem maestros diferentes, que tendem a reger a partitura da “Vida”, sob várias batutas e, então, no sobe e desce dos sinais que oferecem, de acordo com o ritmo, já não sei mais se sou “eu” ou é “parte do você eu” quem desafina....se sou “eu” ou se é “parte de você eu” quem não combina.
                   E se maestro rima com maestria, temos todos os elementos de nossa família, desde lá de muito aquém, daqueles que já se foram e, dependendo de seus “ids”, “egos” e “superegos”, se transformaram em cometas, até os que diariamente repetindo e repetindo e repetindo nos ensinam a falar, pensar, viver e ser – e quem não diz que são eles os maestros - e, então, quantas vezes sou obrigada a falar por “você eu parte do meu ego”, que nasceu mudo, mas não deixa de se expressar, em diferentes partes do meu “eu em soma” e, no entanto, sem ser o que eu queria dizer, fico “o simplesmente eu” que sei falar, totalmente mudo, mutatis mutandi, e então a “partitura” da Vida se “parte” em duas, e ninguém mais sabe qual dos maestros rege o nosso simples “eu”.
                   Instalada assim a subtração da concordância, em regência una aceita, surge o samba pleno misturado com a mais melódica sinfonia, em diferentes claves desconhecidas pela aberração de parte do “eu enlevado pelo ego inteiro” ou apenas por “parte desse mesmo ego inteiro”, pois o ego não aceita ser apenas o “eu”.
                   Nesses momentos, portanto, ego querido, na associabilidade que nos compete, na vivência una, venho sugerir que seja eu, assim tão “simplesmente eu”, a sua maestra, porque somente dessa forma você aceitará ser eu, e se a partitura rota estiver composta por duas páginas rasgadas eu as colarei para que as leia...e então as claves serão as dominantes escritas pelas linguagens de valores do Universo e as notas musicais serão as etapas vencidas, juntas, a comporem, exatamente assim, a partitura “una” que afina a vida e não confina o eu.
                   E acho que isso somente acontece na velhice... cabendo a todos os maestros, que ainda surgem, apenas revisarem a partitura una da melodia “Vida” que flui pelas próprias mãos do afinador do teclado que, finalmente, é o “simplesmente eu”.
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Márcia Fernandes Vilarinho Lopes

Da Série “Ser”

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